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Escassez de EPIs agrava surtos de dengue e expõe agentes de endemias a riscos

Taxa de infestação predial chegou a 5,6%, um valor muito superior ao limite de 1% recomendado pelo Ministério da Saúde.

Por Redação | Jornal Conquista
Publicado em 15/01/2025 - às 21:25

Durante o ano de 2024, Vitoria da Conquista enfrentou uma grave crise no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Um dos principais fatores para o aumento nos índices de infestação foi a não utilização do larvicida biológico BTI (Bacillus thuringiensis israelensis). Este produto, eficaz no controle das larvas do mosquito, deixou de ser aplicado em quase todos os municípios baianos devido à alta taxa de intoxicação exógena entre os agentes de endemias e à falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.

Um dos fatores determinantes para os casos de intoxicação foi o aumento da concentração do BTI, que passou de 300 UTIs para 3.000 UTIs nos últimos anos. Embora essa alteração tenha sido implementada para melhorar a eficiência no controle das larvas, agentes de endemias relataram sintomas graves de intoxicação durante o manuseio do produto, especialmente em locais onde os EPIs eram inexistentes ou insuficientes.

O Ministério da Saúde passou a adotar o BTI como substituto do larvicida NATULAR, que, por sua vez, substituía o Themefós, o qual havia perdido eficácia devido à seleção de resistência dos insetos na fase imatura (larvas). Contudo, a desconfiança entre os agentes em relação à segurança do produto aumentou, principalmente devido à falta de suporte logístico e estrutural para garantir seu uso seguro.

Devido à falta dos EPIs essenciais, a situação foi especialmente grave em Vitória da Conquista. Os agentes de endemias não puderam realizar a aplicação do larvicida nos reservatórios de água do município por grande parte do ano. O resultado foi alarmante: em 2024, mais de 35 mil pessoas foram diagnosticadas com dengue e 36 perderam a vida em decorrência das complicações da doença.

A propagação do vírus foi intensificada pela chegada de um novo sorotipo, que passou a circular na cidade logo no começo do ano. A taxa de infestação predial atingiu 5,6%, um valor muito superior ao limite de 1% recomendado pelo Ministério da Saúde.

Como resposta à crise, o governo municipal iniciou um processo de licitação para a aquisição dos EPIs necessários. Dessa forma, a aplicação do larvicida foi retomada no final do ano, mas os esforços para controlar a doença enfrentaram um obstáculo significativo: a equipe era insuficiente. Atualmente, o município conta com apenas 100 agentes de endemias, quando o ideal seria pelo menos 243 para atender adequadamente à demanda.

Perspectivas para 2025

Com a retomada do uso do BTI e a chegada dos EPIs apropriados, Vitória da Conquista espera evitar a repetição dos alarmantes índices de 2024. No entanto, especialistas alertam que o sucesso no combate à dengue dependerá de um esforço conjunto que envolva o aumento do número de agentes, a educação da população sobre a prevenção de criadouros e investimentos contínuos em infraestrutura e tecnologia.

A crise enfrentada na Bahia em 2024 evidencia a importância do planejamento e do suporte adequado para as políticas de saúde pública. Sem esses elementos, os desafios apresentados por doenças como a dengue tendem a se agravar, colocando a saúde de milhares de pessoas em risco.

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