Bahia registra mais de 18 mil falhas na assistência à saúde em um ano, aponta relatório
Entre os casos notificados, quase 4 mil envolvem lesões por pressão, enquanto outras falhas incluem erros em procedimentos médicos e no uso de cateteres venosos.
A Organização Nacional de Acreditação (ONA), responsável por definir critérios de qualidade e segurança em saúde, divulgou um diagnóstico preocupante relacionado a prestação de serviços médicos no Brasil.
Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou 18.902 mil falhas na assistência à saúde na Bahia.
Segundo a ONA, entre os casos contabilizados no estado, 3.715 envolvem lesões por pressão, 3.709 ocorreram durante a assistência médica e 2.964 estão relacionadas ao uso de cateter venoso. Em nível nacional, foram registradas 396.629 mil falhas em um ano.
Através de um detalhamento realizado pela instituição, entre as ocorrências mais graves estão:
- Administração incorreta de medicamentos (por dosagem ou tipo)
- Realização de cirurgias em locais equivocados no corpo dos pacientes
- Casos de lesão por pressão (contusão, entorse e luxação)
A entidade alerta que esses números refletem a gravidade das falhas no sistema de saúde e os riscos para a segurança dos pacientes.
Para reduzir os erros e evitar óbitos, a ONA investe na implementação de processos de acreditação, que ajudam hospitais e instituições a adotarem protocolos de segurança mais rígidos.
Na Bahia, 19 hospitais possuem certificação ONA, entre eles estão: Aeroporto, da Bahia, Ana Nery, da Mulher, do Subúrbio, Jorge Valente, Martagão Gesteira, Santo Amaro e o do Subúrbio.
Cinco hospitais têm acreditação, sendo que em Salvador apenas o Ana Nery e o Martagão Gesteira alcançaram esse nível. Dez possuem acreditação de excelência, incluindo o IBR de Vitória da Conquista e a Santa Casa de Misericórdia de Jequié. Quatro têm a certificação de acreditado pleno: hospitais Aeroporto, da Mulher, Estadual da Criança e Municipal de Salvador.
Gilvane Lolato, gerente de Operações da ONA, destaca os resultados positivos após a adoção de medidas de segurança em cerca de 100 instituições avaliadas. “Mais de 30% dos entrevistados relataram que as falhas na administração de medicamentos diminuíram em 51%; os erros na identificação de pacientes caíram 52%; as infecções hospitalares reduziram 42%; as falhas na prescrição de medicamentos baixaram 35%; enquanto os problemas de comunicação diminuíram 37%”, relata.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, anualmente, cerca de 134 milhões de eventos adversos aconteçam em hospitais de baixa e média renda, resultando em aproximadamente 2,6 milhões de mortes.
No Brasil, das mais de 380 mil organizações de saúde, apenas 2.030 possuem acreditação nacional ou internacional.