Mais de 65 mil pessoas podem ter sido expostas ao amianto no sudoeste da Bahia, aponta MPT

Um relatório do Ministério Público do Trabalho (MPT-BA) revelou que mais de 65 mil moradores de cidades do sudoeste da Bahia podem estar expostos a doenças provocadas pelo amianto, mineral fibroso associado a diversos tipos de câncer.

O levantamento foi feito em setembro de 2024 e divulgado na última terça-feira (8). A pesquisa aponta que há alta probabilidade de contaminação em massa nas cidades de Bom Jesus da Serra, Caetanos, Poções e Planalto, onde o amianto foi explorado por quase três décadas.

Durante a avaliação, 584 pessoas foram submetidas a exames de imagem e consulta médica. Destas, 66 apresentaram doenças ligadas à exposição ao mineral. O restante da população avaliada relatou contato ocupacional ou ambiental com o amianto.

Segundo o MPT, o número de examinados representa menos de 1% da população total. Isso significa que o número real de afetados pode ser muito maior.

A exposição na região está ligada à antiga mina de São Félix, localizada em Bom Jesus da Serra, ativa entre 1939 e 1967. Mesmo desativada há quase 60 anos, a contaminação permanece. Estradas, casas e até lápides foram construídas com pedras de amianto doadas pela empresa responsável.

O local, segundo o relatório, virou ponto de lazer para a população, o que contribuiu para a disseminação das fibras cancerígenas no ar, agravando o problema.

A investigação envolveu instituições como o InCor (Instituto do Coração), Fiocruz e Hospital do Câncer de Barretos, e resultou em recomendações para o acompanhamento dos afetados. As prefeituras, com apoio do MPT e de associações como a Abrea e a Avicafe, deverão manter os exames de forma periódica.

Além disso, o MPT defende a criação de um centro regional especializado em doenças pulmonarese o registro dos dados em sistemas nacionais como o Sinan, SIM e Datamianto, para fundamentar futuras políticas públicas.