Um projeto social de Karatê tem feito a diferença na vida de crianças e adolescentes em Belo Campo, na Bahia. Segundo uma reportagem do Bahia Meio Dia, o núcleo esportivo Team Dória, criado há nove anos, ganhou força a partir de uma parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

Quatro atletas que começaram no projeto social hoje se destacam no ranking baiano da modalidade. João Gustavo, participante do projeto, relata a sua experiência. “A experiência é muito boa, eu só fui mesmo por causa que eu queria representar a minha cidade, Belo Campo, e a nossa academia. Pretendo competir mais”, disse.

Além dos aprendizados técnicos, o Karatê tem refletido no cotidiano dos alunos. “É uma arte marcial que ajuda muito na gente no cotidiano, ajuda na nossa saúde e a aprender coisas novas”, disse a karateca Júlia Ruas.

Apesar dos avanços, o projeto enfrenta dificuldades, principalmente na falta de patrocínio. “Tivemos 18 atletas da nossa academia na Seleção Baiana, para representar a Bahia no Campeonato Brasileiro. A etapa do Campeonato Brasileiro foi em Aracaju, mas não podemos ir por conta de patrocínio”, disse Ícaro Dória, professor de Karatê.

Segundo Ícaro, a maioria dos atletas precisam vender rifas para conseguir custear a participação nas competições. Com o apoio da Prefeitura e de algumas empresas locais, o grupo conseguiu disputar o Campeonato Baiano. No entanto, ele destaca que ainda enfrentam grandes dificuldades para participar de eventos em nível nacional. “Tínhamos como objetivo participar do Open Internacional, que seria no Uruguai em dezembro, e estamos tentando captar recursos para poder ir”, explicou.

Neste ano, 11 atletas da academia participaram do Campeonato Baiano de Karatê e conquistaram oito medalhas. “A nossa missão com o Karatê, além de transformá-los em atletas, é transformá-los em cidadãos. A gente sabe que as crianças e os adolescentes, quando não têm uma atividade extra, eles acabam tendo muito tempo livre e essas atividades extras chegam para somar”, ressaltou o professor.

Maria Clara Vitória, conhecida como “Tamagotchi“, se destacou na fase classificatória do Campeonato Brasileiro de Karatê 2025, realizada em Aracaju-SE, conquistando medalhas de ouro e bronze. Com esses resultados, garantiu vaga na grande final do torneio, prevista para o segundo semestre deste ano.

Aluna do projeto social Saviniano do Lar Santa Catarina de Sena, Vitória, de apenas 12 anos, leva o nome da cidade de Vitória da Conquista ao cenário do esporte brasileiro. Apesar do talento, a atleta enfrenta a falta de patrocínio.

Sem apoio do poder público, a continuidade de sua carreira esportiva depende do esforço da família e da solidariedade de empresários locais, que têm colaborado com contribuições modestas, mas fundamentais para custear os gastos em competições oficiais.

Além dos gastos com materiais esportivos, Vitória também precisa manter um acompanhamento nutricional, indispensável para uma atleta profissional. Mesmo diante das dificuldades, ela segue determinada sob a orientação da sensei Elaine Oliveira e já tem novos desafios pela frente: a Copa Cacau e o Campeonato Baiano de Karatê.

A mãe da atleta, Eloiza Alves, fala sobre a falta de incentivo oficial. “Eu como mãe, fico extremamente triste de ver que o poder público e as grandes empresas não entendem o poder transformador do esporte na vida de nossas crianças e adolescentes, do contrário, incentivariam. É necessário facultar a participação de nossos jovens na prática esportiva, entendendo a contrapartida dessa ação que é destoar o foco dos mesmos de ações ilícitas tão corriqueiras no mundo atual”, destacou ela.

Em 2024, Vitória conquistou medalhas de ouro e prata na fase classificatória do Campeonato Brasileiro, realizada no Amazonas, e garantiu mais um ouro na modalidade Kumitê e uma prata em Kata, levando Vitória da Conquista ao pódio.

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