Audiência pública na Câmara debate inclusão de pessoas com deficiência em Vitória da Conquista
Com críticas à ausência de vereadores e apelos por políticas públicas, audiência reforçou desafios de famílias atípicas e cobrou ações efetivas.
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou, na tarde de terça-feira (8), uma audiência pública em alusão ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março, e ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado em 2 de abril. A proposta foi do mandato da vereadora Márcia Viviane (PT) e reuniu representantes de instituições, familiares e ativistas em defesa dos direitos das pessoas com deficiência.
Foram discutidos diversos desafios enfrentados por crianças, jovens e adultos com deficiência, como a dificuldade no acesso a especialistas, ausência de atendimento contínuo, demora na emissão de laudos e falta de estrutura para acompanhamento educacional e terapêutico.
Dados do IBGE apontam que o Transtorno do Espectro Autista pode afetar cerca de 2% da população brasileira. Já a Síndrome de Down ocorre em aproximadamente 1 a cada 700 nascimentos.
A audiência também levantou a sobrecarga vivida por mães atípicas, muitas vezes adoecidas pela responsabilidade integral do cuidado. Relatos apontaram que, em alguns casos, a jornada dupla e a falta de apoio podem reduzir em até 30% a expectativa de vida dessas mulheres. Outro ponto de destaque foi a denúncia de casos de agressão contra pessoas autistas, reforçando a necessidade de formação adequada para profissionais da educação.
Representantes de entidades cobraram a criação de um Centro de Referência para atender todas as deficiências, além da implantação de semáforos sonoros e do fortalecimento da saúde pública, mobilidade urbana e inclusão escolar.
A crítica à ausência de parlamentares também marcou a discussão, acompanhada de pedidos por mais empatia e representatividade. Questões como a dificuldade para conseguir passe livre, o alto custo de produtos terapêuticos e a exclusão no mercado de trabalho também foram mencionadas como obstáculos que ainda persistem.
A audiência reforçou que a inclusão precisa ser contínua e prática, e que, para além das leis, é necessário o compromisso real do poder público. Secretários municipais também participaram, destacando ações já realizadas na cidade e apontando que os avanços locais ainda dependem de diálogo com os governos estadual e federal.