Enfermeira de Vitória da Conquista é demitida após denúncias de injúria racial e agressão em pet shop de Salvador
Entenda o episódio que tem gerado polêmica não só na Bahia, mas em todo o Brasil.
Na tarde do último sábado (4), uma confusão em um pet shop localizado no bairro do Imbuí, em Salvador, resultou na demissão de Camilla Ferraz Barros, enfermeira natural de Vitória da Conquista.
A profissional foi acusada de injúria racial, agressão e ameaça contra funcionárias do estabelecimento. O caso resultou em sua demissão do cargo de gerente de operações do Hospital Mater Dei Salvador.
De acordo com relatos das vítimas e testemunhas, a confusão começou por volta das 14h, quando Camilla chegou ao estabelecimento acompanhada do marido, que buscava informações sobre o uso de um medicamento veterinário.
Após a equipe do pet shop informar que não era permitido fornecer orientações desse tipo, o homem teria se alterado, puxado o crachá de uma funcionária e iniciado uma discussão. A situação se agravou com a chegada de Camilla, que, segundo relatos, se identificou como juíza e afirmou que os funcionários “iriam sofrer as consequências”.
Testemunhas registraram em vídeo a mulher proferindo ofensas contra a gerente do pet shop, a quem chamou de “petista, baixa e preta”. No registro, Camilla também tenta tomar o celular de uma pessoa que filmava a cena.
O caso foi denunciado à Polícia Militar, que orientou as vítimas a registrarem a ocorrência. Na delegacia, Camilla alegou ter sido agredida por funcionários e seguranças do pet shop, além de afirmar que foi filmada sem autorização.
As funcionárias do estabelecimento afirmam terem sido vítimas de agressão e injúria racial. A gerente relatou ter sido agredida verbalmente e fisicamente ao tentar mediar o conflito. Segundo uma das colaboradoras, o marido de Camilla teria agido de forma igualmente agressiva.
Após a repercussão do caso, que ganhou grande visibilidade nas redes sociais, a Rede Mater Dei emitiu nota no domingo (5), confirmando a demissão de Camilla Ferraz Barros. A empresa informou que realizou uma sindicância interna e reiterou seu compromisso com valores de igualdade e inclusão, repudiando qualquer forma de discriminação.
O Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) também se manifestou, destacando que o comportamento atribuído à profissional contraria os princípios éticos da enfermagem, que prezam pelo respeito aos direitos humanos e pela promoção da justiça e igualdade. O Coren-BA informou que acompanha o caso e tomará as medidas cabíveis conforme a legislação.
Além disso, a Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB) esclareceu que Camilla não pertence aos quadros da magistratura estadual, repudiando veementemente as práticas de racismo e reafirmando o compromisso da categoria com a ética e os direitos humanos.
O Grupo Petz, responsável pelo pet shop onde ocorreu o incidente, também se posicionou, declarando que acionou seu departamento jurídico para apoiar as colaboradoras e tomou todas as medidas legais cabíveis. A empresa enfatizou que não tolera atitudes discriminatórias em suas unidades.
Até o momento, a Polícia Civil segue investigando o caso. Diligências estão em andamento para coletar depoimentos e apurar as circunstâncias do ocorrido.
Camilla informou, por meio de sua defesa, que só se manifestará publicamente após obter os laudos do exame médico realizado no Instituto Médico Legal (IML) e as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento.
Confira o vídeo do momento: