Implantação de câmeras em fardas da PM tem novo atraso e gera críticas
No total, seriam utilizadas 1,3 mil câmeras.
O recente atraso na implementação das câmeras nas fardas dos policiais militares, anunciado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) no último sábado (13), gerou desapontamento em organizações que acompanham o processo desde a fase de licitação.
Em dezembro, Jerônimo inicialmente previu a presença desses equipamentos no fardamento até o Carnaval, mas houve uma mudança de posição. No total, seriam utilizadas 1,3 mil câmeras, sendo 1,1 mil provenientes da empresa vencedora da licitação e 200 fornecidas pelo Governo Federal ao estado.
“A gente tinha expectativa. Mas o Ministério (da Justiça e Segurança Pública) pediu a Secretaria de Segurança Pública (mais tempo)… Nós mesmo pedimos tranquilidade para não fazermos nada fora da linha. Então, eu já retirei da minha pauta a possibilidade de usarmos durante o carnaval. O prazo naturalmente combinado com ministério, porque essas câmeras são do ministério, é de cerca de 60 a 90 dias (para disponibilizar os equipamentos). Já vimos que não temos condições (de ter essas câmeras na folia)”, disse Jerônimo, durante a 43ª edição para eleger a Deusa do Ébano de 2024.
O governador informou que o Governo solicitou um prazo adicional, sem oferecer detalhes sobre as câmeras da empresa, programadas para chegar no início do ano. Wagner Moreira, coordenador da organização civil Ideas Assessoria Popular, envolvida no processo de licitação e na prova-conceito da empresa, expressou preocupação com a desorganização na implementação das câmeras pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), que não convidou organizações para esta fase.
“Assim como houve abertura para acompanhar o processo de licitação, deveria haver a possibilidade de participar do processo de implementação, discutindo sobre o formato. A abertura para que a gente participasse da licitação foi importante, mas a gestão falha em não dar continuidade a isso, discutindo sobre o formato. E falha duplamente porque faz na base do improviso e não do planejamento e de quem sabe o que vai fazer a partir de agora”, reclama Wagner.
A SSP-BA foi questionada para fornecer informações sobre o preparo dos agentes para a implementação das câmeras e o tempo necessário para colocar o equipamento em operação, mas não respondeu. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA), que acompanharam a licitação e a prova-conceito, também foram questionados sobre o atraso e se tomarão medidas para acelerar o processo, mas não responderam.
Wagner Moreira entende que ter as câmeras já no Carnaval seria essencial pelo histórico de eventos que há no período. “O Carnaval é notável na história da Segurança Pública da Bahia. Foi na véspera do Carnaval que ocorreu a Chacina do Cabula e também nesse período em 2022 que ocorreu a Chacina da Gamboa. No Carnaval, é importante ter um controle e uma leitura maior da corporação, quando se concentra o grosso da PM na capital pelo tamanho da festa. Então, seria muito desejoso ter uma estratégia que pudesse implantar essas câmeras já nessa época”, completa.
Fonte: Correio 24 Horas