“Todo artista tem de ir onde o povo está”: conheça a história do pintor Luhan Modesto
Luhan tem a arte correndo em suas veias e compartilha sua vida ao lado da pintura desde a sua infância.
Por: Catarine Ferraz.
A arte é um meio de se comunicar com o mundo, juntar palavras em poesias e músicas, colocar cores em telas. Passar o que sente por meio da arte é muito importante, porém, em Vitória da Conquista, seu consumo ainda é precário. Artistas locais sofrem com a falta de apoio público e de entidades para promoção e comercialização de suas obras. Por isso, uma cidade tão rica em talento como Conquista, ainda pouco valoriza os seus.
Um exemplo disso é o pintor Luhan Modesto, que tem a arte correndo em suas veias e compartilha sua vida ao lado da pintura desde a sua infância, já que seu pai fazia quadros entalhados em madeira e em espelhos. O artista de 28 anos é autodidata, aprendeu a pintar com 10 anos e, depois de um tempo, com incentivo de sua mãe, começou a fazer alguns cursos na área. Apesar de ter se arriscado pelo mundo dos desenhos e do grafite, sua paixão sempre foi a pintura de tela e, na época da escola, sempre se destacou no que se dizia respeito à arte.
Mesmo com sua aptidão e fascínio pelo universo artístico, Luhan se formou em engenharia, é estudante de administração e trabalha com a área empresarial. “Com a arte eu faço um extra. Atualmente eu prefiro presentear um amigo a fazer um trabalho artístico para quem simplesmente não valoriza, e pretende pagar muito pouco”, conta ele. O pintor diz que o mercado é desanimador e que presenciou isso dentro de casa, pois seu pai largou a arte por não receber um retorno suficiente para sustentar uma família. “As pessoas definitivamente julgam caro pagar 500 reais num quadro em óleo sobre tela, que dura a vida inteira, vira herança, se valoriza com o tempo, mas pagam sem reclamar o mesmo valor numa festa ou saída a noite por exemplo”, reclama Luhan. “É uma questão cultural das pessoas da região em geral, é como se arte não fosse um trabalho, que depende de tempo, talento ou custos. É bem complicado”, completa.
Além da pouca valorização por parte da comunidade, Luhan também cita a falta de apoio de órgãos públicos para o incentivo da cultura na região. Ele diz que falta investimento em exposições públicas, por exemplo, para que velhos e novos artistas tenham a oportunidade de serem vistos e seus trabalhos, reconhecidos. Além disso, ele acredita que o fomento da arte em Conquista deveria ser feito através da educação. “Também a valorização da arte nas escolas como um fator de formação fundamental, não se trata apenas de ensinar a pintar, desenhar, mas, elucidar a influência da arte na a história, no dia a dia, e ainda como isso impacta no futuro, as crianças já deveriam crescer conscientes do quão a arte é importante”, afirma ele.
Apesar das desvantagens destacadas pelo artista, ele cita que, após expor suas obras no Instagram, passou a ter seu trabalho compartilhado e, inclusive, já teve um de seus quadros vendido nos Estados Unidos, entre várias outras telas para diversos lugares no Brasil. Mesmo usando a plataforma como ferramenta importante nos seus projetos, ele ainda teme que o futuro artístico seja marcado pela sua banalização. “Fico um pouco aflito com a popularidade de “modinhas” artes muito fáceis de fazer, repetitivas e genéricas demais, sem profundidade, que por serem mais baratas e rápidas invadem os espaços e descaracterizam a história dos ambientes, das pessoas e da arte em si”, opina Luhan.
Conheça o trabalho de Luhan Modesto pelo seu Instagram profissional: @luhan.art.
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