Biomédica é indiciada por exercício ilegal da medicina após complicações em procedimento estético em Vitória da Conquista
Relatórios médicos apontaram que a intervenção causou incapacidade funcional à paciente por mais de 30 dias, além de representar risco de morte.
Na manhã desta quinta-feira (5), uma biomédica de 39 anos foi indiciada pela Polícia Civil de Vitória da Conquista por exercício ilegal da medicina, lesão corporal grave e falsa identidade. O indiciamento ocorreu após um procedimento estético conhecido como “lipo de papada” ter resultado em complicações graves para uma paciente no último dia 10 de outubro.
De acordo com a Polícia Civil, o procedimento foi realizado em um consultório particular localizado na Avenida Otávio Santos, bairro Recreio. Laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e relatórios médicos apontaram que a intervenção causou incapacidade funcional à paciente por mais de 30 dias, além de representar risco de morte.
Durante a cirurgia, foi feito um corte profundo na região submentoniana (papada), com sangramento ativo — um procedimento considerado de alta complexidade e exclusivo para médicos.
Durante o atendimento emergencial, a biomédica teria se apresentado falsamente como dentista ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), assim como aos médicos e enfermeiros do hospital para onde a paciente foi levada. A Polícia Civil obteve as gravações das chamadas de urgência, que corroboram as acusações de falsa identidade.
A paciente, que desenvolveu complicações graves, precisou ser submetida a uma cirurgia de emergência e permanece internada. Segundo familiares, ela ainda está em estado delicado. A biomédica permaneceu em silêncio durante o interrogatório. Apesar do indiciamento, responderá em liberdade, podendo enfrentar uma pena de até 13 anos de prisão, somando-se as penalidades dos crimes imputados.
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) confirmou que a biomédica não tem autorização para realizar procedimentos cirúrgicos. O órgão recebeu uma denúncia sobre o caso e abriu um processo administrativo para apurar possíveis irregularidades éticas e legais.