Mortes decorrentes de intervenção do Estado na Bahia cresceu 161% em 5 anos
Esse dado coloca a Bahia como o único Estado brasileiro com mais de mil mortes por policiais em um ano.
O estado da Bahia atingiu níveis alarmantes de violência em 2023, com relação a mortes por ação do Estado. Segundo o boletim “Pele Alvo: Mortes que revelam um Padrão”, da Rede de Observatórios de Segurança, o número de mortes em decorrência de intervenção do Estado na Bahia cresceu 161% em cinco anos.
De 2019 para 2023, os números saltaram de 650 óbitos para 1.702. Essa taxa coloca a Bahia como o único estado brasileiro com mais de mil mortes por ações policiais em um ano.
Um fator chave para compreender esse cenário é a Resolução 01/2019, aprovada pela Secretaria de Segurança Pública e polícias baianas na gestão de Rui Costa, que comprometeu a capacidade da Polícia Civil de investigar óbitos causados por policiais militares. A mesma resolução foi declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça da Bahia apenas quatro anos depois.
Os dados do boletim Pele Alvo apontam um quadro de violência policial que discrimina e mata principalmente a população negra. Em 2023, pelo menos 1.321 pessoas negras foram mortas em operações policiais na Bahia. O número representa 77,6% do total de óbitos registrados em ações policiais no estado no ano passado.
O boletim ainda destaca que, em cada um dos 365 dias de 2023, pelo menos sete pessoas negras morreram em ações policiais nos nove estados monitorados pela Rede de Observatórios de Segurança, com a Bahia tendo o maior número de mortes neste grupo.
O quadro evidencia a intensificação da violência contra a população negra, associada à crescente presença de facções criminosas e a intensificação da “guerra às drogas”, fatores que promovem um “massacre racial” no estado, conforme o Supremo Tribunal Federal e especialistas em relações raciais apontam.