Advogado investigado por ameaçar ex-namorada em Vitória da Conquista é preso em Salvador por descumprir medida protetiva
Paulo Roberto violou tornozeleira eletrônica 67 vezes e desrespeitou decisões judiciais; vítima denunciou perseguição e ameaças.

O advogado Paulo Roberto de Aguiar Valente Júnior, de 41 anos, foi preso na noite da última terça-feira (18), no bairro do Imbuí, em Salvador, após o descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça de Vitória da Conquista.
A prisão foi decretada depois que a polícia identificou diversas violações no uso da tornozeleira eletrônica que monitorava o investigado. Ele responde a um processo que apura suspeitas de perseguição, ameaça e extorsão contra a ex-namorada, a professora universitária Mariana Amorim.
Segundo informações, o caso começou a ser investigado em 2024, quando a vítima procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) e relatou uma série de episódios envolvendo mensagens anônimas, ligações insistentes e ameaças.
A professora relatou à polícia que recebia ligações e áudios de números desconhecidos, nos quais sofria intimidações e ameaças de morte. Além disso, o advogado teria criado perfis falsos em redes sociais para prejudicá-la profissionalmente e chegou a enviar denúncias falsas à universidade onde ela leciona.
Entre dezembro de 2024 e março de 2025, período em que esteve sob monitoramento eletrônico, Paulo Roberto violou a tornozeleira em 67 ocasiões, conforme relatório policial. Foram registradas três saídas não autorizadas do perímetro definido pela Justiça e 64 episódios em que o equipamento foi desligado ou descarregado. Em um dos casos, ele permaneceu mais de 14 horas sem qualquer sinal de localização. Ainda de acordo com as investigações, o advogado foi visto em fevereiro em um show da banda Psirico em Salvador, o que também contrariava as determinações judiciais.
Apesar das infrações, o juiz Álerson do Carmo Mendonça, da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Vitória da Conquista, negou um primeiro pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público em abril deste ano. O magistrado entendeu, naquele momento, que não havia indícios de que o réu tivesse descumprido diretamente a medida protetiva, já que a vítima estaria morando em outra cidade. Ele optou por emitir apenas uma advertência.
Com a continuidade das violações, no entanto, a Justiça decretou a prisão preventiva. Paulo Roberto foi localizado pela polícia em Salvador e detido na noite de terça-feira. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) já havia aplicado uma suspensão cautelar do exercício profissional do advogado por 90 dias, ainda em 2024, quando os primeiros relatos chegaram ao conhecimento da instituição.
O delegado Paulo Henrique de Oliveira, que acompanha o caso, afirmou à imprensa que o advogado também é investigado por supostamente ter tentado se passar por defensor da própria vítima durante um depoimento, além de haver indícios de falsidade ideológica por uso indevido do nome de um oficial de Justiça para tentar manter contato com a ex-companheira.
O processo segue em curso na Justiça. Até o momento, Paulo Roberto não foi condenado pelos crimes e responde como investigado. A prisão preventiva tem caráter cautelar e visa garantir o cumprimento das medidas protetivas e o andamento regular do processo.